Devemos mais à cultura árabe do que costumamos imaginar, inclusive o hábito de tomar café. Em torno do ano 1000, os árabes começaram a preparar uma infusão com as cerejas do cafeeiro, já conhecidas por suas propriedades estimulantes, fervendo-as em água. Mas somente no século 14 foi desenvolvido o processo de torrefação, tornando a bebida mais parecida com o que temos hoje. Foi em Meca, na Arábia, que surgiram as primeiras cafeterias, conhecidas como Kaveh Kanes. O café conquistou a Europa a partir de 1615, trazido dos países árabes por comerciantes italianos. O hábito de tomar o café, principalmente em Veneza, estava associado aos encontros sociais e à música que ocorriam nas alegres Botteghe Del Caffè.
As cafeterias espalharam-se pela Europa durante o século 18. Durante tardes inteiras, jovens reuniam-se em torno de várias xícaras de café, discutindo o destino das nações, declamando poemas, lendo livros ou simplesmente passando o tempo. O Império Brasileiro, construído no século 19 graças à exportação de café, importou esses hábitos europeus, ainda que por aqui o boteco tenha feito mais sucesso. Da corte do Rio de Janeiro, o hábito de discutir as fofocas da política e de alcova em casas de café espalhou-se pelo Brasil. Um dos últimos representantes dessa tradição aqui em Florianópolis era o Ponto Chic, fechado há poucas semanas.
28.9.04
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