26.10.05

Marketing sem noção

Quem foi o idiota que inventou essas estratégias de marketing de grandes empresas que insistem em ligar para sua casa em horas inoportunas? Estava eu há pouco de cama, convalescendo de uma doença ainda não diagnosticada (não duvido que seja gripe de frango ou febre aftosa), quando um joselito qualquer da Embratel me liga para "passar as novas tarifas para ligações internacionais". Pelo amor de deus, qual é o consumidor que ficaria feliz com uma ligação dessas? "Vocês devem ter todos estes valores disponíveis no saite da Embratel, não?", foi o que perguntei ao sujeito. Depois de ouvir a resposta afirmativa completei: "olha, estou muito doente e tentando descansar, se eu quiser saber as tarifas de vocês procuro na internet. Tchau". Tem coisa mais detestável que alguém oferecer um serviço que você não pediu e não quer? Pronto. Vou voltar para a cama.

23.10.05

Diário de um novo mundo

Assisti ontem à pré-estréia do filme Diário de um Novo Mundo , primeiro longa-metragem do diretor Paulo Nascimento. O roteiro é baseado no romance Um Quarto de Légua em Quadro , do escritor Luiz Antonio de Assis Brasil (de quem já tive a honra de ser aluno). Com Edson Celulari e Daniela Escobar nos papéis principais, a produção tem atores brasileiros, uruguaios e portugueses, além de um italiano. Grande parte da história foi rodada na Fortaleza de Santa Cruz, na ilha de Anhatomirim, arredores de Florianópolis. A fortaleza foi construída em 1739 e está bem preservada graças à restauração executada nos anos 1980 pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O drama tem como pano-de-fundo o deslocamento de milhares de colonos portugueses das ilhas dos Açores para o Sul do Brasil, por volta dos anos 1750, para povoar a região então disputada com os espanhóis. O protagonista é o médico Gaspar de Fróes (Celulari) que acompanha a viagem de um grupo de colonos de Açores até Desterro (Florianópolis), onde se envolve com Maria (Daniela Escobar), esposa de um capitão do Exército. O romance é atravessado pela guerra colonial entre as duas potências ibéricas - é, na época Portugal e Espanha, pasmem, eram as maiores potências globais.

O filme conta com o mérito de levar para as telas um momento importante da formação do Brasil, ainda que não tenha a pretensão de contar essa história (os próprios colonos quase não aparecem como protagonistas do filme). O roteiro de Pedro Zimmerman, premiado no último festival de Gramado (assim como o próprio filme, no Júri Popular) é suficientemente bom para prender a atenção do público - o que merece aplausos em qualquer produção. Achei dispensáveis a participação especial do cantor Ney Matogrosso (na tela e na trilha sonora) e uma tentativa piegas de sensibilizar os expectadores catarinenses e gaúchos, no final. Ainda assim vale a pena assistir, principalmente para quem conhece pouco a história do Sul.

22.10.05

A Tchurma do Schuch

O Bobagera acaba de incluir mais um nome de peso na seleta lista de blogues amigos. Trata-se de A Tchurma, do grande professor Hélio Ademar Schuch, do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), de quem foi aluno este que vos escreve. Pesquisador sério e ao mesmo tempo palhaço incorrigível, Schuch tem como credo o brizolismo - mas é gente finíssima. É um dos ídolos de uma geração de jornalistas formados pela UFSC - da qual humildemente faço parte - e ajudou a criar muita gente boa por aí. Schuch é um tipo de professor-pesquisador de universidade pública que deveria ser a regra, mas infelizmente, em muitos departamentos de nossas instituições federais de ensino, acaba sendo exceção - realmente, "a tchurma são foda". É um profissional dedicado ao conhecimento científico e sua difusão. Vale a pena ler a última nota no blogue A Tchurma, sobre a Teoria dos Jogos.