25.12.07

Para não ficar triste

Mauro Sampaio*

Não são poucos os que gostariam de desaparecer nas festas de Natal e Ano Novo. O frejo do consumo, o reencontro com amigos e familiares, a ceia, a troca de presentes, os fogos, a gritaria, os abraços e beijos, as promessas e esperanças renovadas causam um efeito indesejado. Ao invés de êxtase, tristeza.
É difícil encontrar uma resposta para esse revertério psicológico. Nem uma boa análise cura. O que atenua é saber que não se é o único no planeta a ficar triste quando parece decretado que todos devem estar felizes. O mesmo sintoma ocorre no Carnaval. Embora um momento seja para expressar a fé (aparentemente) e o outro, desregramento, ambos reúnem pessoas e envolvem toda a coletividade.
O congraçamento universal incomoda involuntariamente um grande grupo, que gostaria de seguir seu ritmo de vida sem recesso para troca de gentilezas muitas vezes fingidas. O Natal e o Ano Novo chegam a deprimir pessoas. Praticamente ninguém consegue se esconder nessa época. O retiro ficou para o Carnaval e quem o faz normalmente são os padres e pastores.
Papai Noel bem poderia esquecer uma vez na vida de fazer ho-ho-ho. O mundo ocidental bem poderia esquecer uma vez na vida que o ano passou e está na hora de trocar o calendário. Indo, sem translação, como a estrela que vaga anos-luz da Terra. Uma nova experiência entre a humanidade e sua nave.
Impossível desejo que se faz quando é chegada a hora de dizer feliz Natal e feliz Ano Novo. Para não ficar triste, só há um jeito: participar de coração aberto desse faz-de-conta que a vida proporciona. Fechar os olhos e acreditar em coisas boas. Abraçar e se deixar abraçar. Desejar bem aos outros. Chorar, se não tiver jeito. Mas jamais dizer que está triste. Vai passar.
*Jornalista nascido em Teresina (PI), trabalha (mesmo) no Congresso Nacional.

16.12.07

O hífen

Uma das coisas interessantes de trabalhar como editor é a tarefa de cuidar de detalhes de como as pessoas escrevem. Uma de minhas manias é provocar alguma polêmica com esses detalhes. Uma boa fonte de polêmicas inúteis desse tipo é o uso do hífen.

Uma regra simples: ar condicionado (sem hífen) é exatamente o que sugere a expressão. Uma determinada porção de ar "condicionada", submetida a condições controladas de temperatura. Já ar-condicionado (com hífen) é o equipamento que condiciona o ar.

Assim, por exemplo:
Um só ar-condicionado central permite que as cinco salas tenham ar condicionado.

E quando se usa "aparelho de ar condicionado"? Defendo que se escreva assim, sem hífen, mas uma colega discordou. Afinal, a expressão não se refere ao aparelho? Então, pela regra, o correto não seria usar ar-condicionado, com hífen?

Vamos substituir "ar-condicionado" por "condicionador de ar".

Aparelho de ar-condicionado
Aparelho de condicionador de ar.

Não parece que a última expressão se refere a uma peça ou acessório do aparelho, e não ao próprio?

Agora vamos substituir "ar condicionado" por "ambiente refrigerado"

Aparelho de ar condicionado
Aparelho de ambiente refrigerado.

Agora parece a mesma coisa. Ou viajei?

De todo modo, há uma regra básica para o uso do hífen. O tracinho só é usado quando se pretende juntar duas ou mais palavras para criar uma nova, com sentido diferente das palavras que foram usadas na composição. "Pé-de-moleque" não tem nada a ver com a extremidade da perna de um rapazinho. É um doce.
Se uma expressão indica exatamente o que dizem as palavras que a compõe, então não há por que usar hífen. Dona de casa é o exemplo clássico. A expressão se refere exatamente a uma mulher que é dona de uma casa. Nada de hífen, então. Essa regrinha básica resolve a maioria dos casos. Inclusive o do ar-condicionado.

1.12.07

Xavier, 9 meses

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23.11.07

Meebo

Certo, não vou mais pedir desculpas por não atualizar este blogue com mais freqüência.

Na tentativa de voltar a ficar mais "conectado", voltei a fazer uma ronda nos blogues de amigos. E achei uma coisa muito legal no Coluna Extra, do Alexandre Gonçalves. É o Meebo, um serviço web (funciona num saite, não é preciso baixar programa algum), que permite usar ao mesmo tempo, numa só janela, serviços de mensagens instantâneas como o Messenger (Microsoft), G Talk (Google), AIM (AOL) e Yahoo! Messenger. E nem é preciso cadastrar-se, basta inserir os nomes de usuários e senhas dos serviços em que você já é cadastrado. O Coluna Extra tem mais detalhes.

18.11.07

Ainda jornalista, agora na web

Mudei de emprego no início de novembro e é uma vergonha que só agora tenha conseguido contar isso no blogue. Explico. É que deixei de fazer jornalismo impresso propriamente dito para encarar um novidade para mim: a implantação da versão web de um jornal. Pode um cara que trabalha com jornalismo on line manter seu próprio blogue inativo? Francamente.

Continuo tendo como empregador o Grupo RBS, mas mudei de função e local de trabalho. Troquei o cargo de repórter da sucursal de Florianópolis do jornal A Notícia pela de editor assistente do diario.com.br, a nova versão web do Diário Catarinense, que ainda não está na rede. Estou passando por um período de treinamento. A próxima fase é a de testes.

Sou o cara mais off da equipe, como diz meu chefe, o editor-executivo Fabiano Melato. Além de não ter experiência profissional com jornalismo on line (o mais próximo disso foi o Bobagera), estou entrando no projeto vindo de fora do jornal. Quase todos os outros membros da equipe já tinham experiência em trabalhar com portais de informação, ou estavam na redação do DC.

O mais legal é que vou assumindo aos poucos as funções mais tipicamente on line do projeto, como o gerenciamento dos recursos de interatividade do portal e a interação com o leitor. Também pretendo participar dos projetos de blogues do jornal (pelo menos nisso tenho algum know-how mínimo). É muita coisa nova e isso é estimulante.

O projeto do diario.com.br é uma duplicação do zerohora.com, que estreou em 19 de setembro. A idéia que está por trás do portal é uma tendência dos grandes jornais do Brasil e do mundo: unir a agilidade e o potencial de interatividade da internet à credibilidade do jornal impresso. A RBS pretende implantar portais semelhantes para cada um de seus oito jornais.

13.11.07

Retorno

O blogue passou um tempo hibernando, mas está retornando aos poucos. Mudei o visual e revisei a lista de linques, reduzindo-a aos saites que realmente ainda estão ativos e que ainda mantém o interesse deste que vos escreve. Novas mudanças virão. Durante os últimos meses de hibernação, o Bobagera transmutou-se em Bebegera, ocupando-se apenas de publicar as fotos do nem tão pequeno assim Xavier. Nâo se preocupem, elas continuarão aparecendo no blogue. Aguardem novidades.

3.11.07

Xavier, 8 meses

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2.10.07

Xavier, 7 meses

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2.9.07

Xavier, 6 meses

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5.8.07

Xavier, 5 meses

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1.7.07

Xavier, 4 meses


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4.6.07

Xavier, 3 meses

O nem tão pequeno assim Xavier passou hoje pelo consultório da doutora Jaqueline Ratier (a pediatra, na foto com ele) para a revisão dos três meses. O rapazinho continua crescendo, sempre encostando no limite superior dos gráficos peso-idade – uma das coisas divertidas na caderneta de saúde fornecida pela prefeitura. Xavier já atingiu a altura (melhor seria dizer comprimento, já que ele ainda não fica em pé) de 65 cm. Isso dá quase 40% da altura da mãe. E já está pesando 7,5 Kg. É o suficiente para provocar alguma dor nas costas.

3.6.07

E no mínimo se vai

O no mínimo, saite que reúne algo do que há de melhor no jornalismo brasileiro na internet, corre o risco de fechar a partir de 1° de julho, depois que a Brasil Telecom abandonou a sociedade com a empresa criada por Marcos Sá Corrêa. O mercado tem dessas coisas, nem sempre garante a viabilização de bons projetos. Leitor diário do saite desde a sua versão anterior, o No. (No Ponto, nome derivado de Notícia e Opinião), torço para que alguma empresa inteligente atenda ao apelo de Tutty Vasques.

20.5.07

Visualizadores do Office

Quem tem mais traquejo com a internet pode me achar um ignorante, mas só agora descobri uma coisa bem útil. A própria Microsoft resolve alguns problemas daqueles usuários que, como eu, cada vez menos preferem usar os programas do pacote Office (Word, Excel, Power Point). Se você tamém já largou o Word e o Excel pelo Google Docs, mas recebe por e-mail aqueles arquivos .doc e .pps (os que valem a pena abrir), basta baixar os visualizadores desses programas. São de graça e permitem abrir tais arquivos, mas não editá-los, e ocupam bem menos espaço que os programas correspondentes do Office.

E dizem que vem aí o "Power Point do Google", o que tornaria definitivamente dispensáveis os aplicativos Office. Bill Gates, como é esperto, estaria tentando comprar o Yahoo!, para ter uma boa base de concorrência com os serviços Google baseados na web. Bom, viva a concorrência.

7.5.07

Crescendo

O garotão sarado aí da foto foi hoje à pediatra para a revisão dos dois meses. Xavier, agora mais à vontade durante o banho, está cada vez maior. Já atingiu 6,670 Kg e 63,5 cm. E só no leitinho da mamãe.
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28.4.07

Xavier. 2 meses


Xavier completa dois meses hoje. Na foto abaixo, ele tinha 25 dias.


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26.4.07

Uma capa, duas manchetes


A edição de hoje do jornal A Notícia trouxe duas manchetes, falando de um tema negativo (mortes nas estradas) e um positivo (criação de empregos) em que Santa Catarina aparece com destaque em rankings nacionais. Pode-se discutir se funcionou bem ou não (eu acho que sim), mas um pouco de inovação numa época em que os jornais são cada vez mais iguais não deixa de ser uma boa notícia.

24.4.07

The Uncles

Criada pela agência TBWA para a campanha de lançamento do Sentra, novo carro da Nissan, a banda The Uncles é uma das melhores invenções publicitárias dos últimos tempos. Vale a pena ver o clipe da música "Será que é para mim?" e o "depoimento" da banda sobre o "retorno", depois de 30 anos, ambos disponíveis no You Tube. É de morrer de rir.





A dica é do blogue Coluna Extra, do jornalista Alexandre Gonçalves.

23.4.07

Trocadalho do Frank


Trocadilho, todos sabem, é uma arte...

22.4.07

Capote no Kansas

Todo jornalista que se preze deve ter lido, ainda durante a graduação, o livro "A Sangue Frio", escrito pelo americano Truman Capote sobre o brutal assassinato de uma família numa cidade interiorana dos Estados Unidos em 1959. Capote esteve na moda em 2005, com o lançamento de dois filmes sobre a vida do jornalista e escritor. Ele foi um dos fundadores do new journalism, tendência que influenciou a forma de fazer a imprensa no mundo inteiro, inclusive no Brasil, a partir dos anos 1960. Agora uma obra em quadrinhos faz uma biografia de Capote, com toques ficcionais. O álbum com texto de Ande Parks e desenhos de Chris Samnee acaba de ser lançado pela editora Devir. Mais informações no Blog dos Quadrinhos.

21.4.07

Sorriso

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20.4.07

Power Point do Google

Deu no JB:

Google compra companhia sueca de software para videoconferências

Depois do Google Docs (serviço que concorre com os programas Word e Excel) e do aplicativo Picasa (que faz o Microsoft Picture Manager comer poeira), o Google parece se preparar para ter um pacote completo que faça frente ao Office, famoso pacote da empresa de Bill Gates encontrado em qualquer computador doméstico. Os serviços Google são desenvolvidos ainda em colaboração estreita o Mozilla Firefox, navegador que vem ocupando cada vez mais o espaço do Internet Explorer. Só falta incorporar o Linux para se assumir de vez como uma anti-Microsoft.

16.4.07

Vida dura

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14.4.07

Cognatas

Muito engraçado!
A dica é do Dauro Veras, do DVeras em Rede. Saite que reúne trechos de músicas em inglês que parecem bobagens ditas em português. Destaque para os dois primeiros lugares do Top 20: Sigue Sigue Sputnik (Roubaram minhas Skol!) e Billy Idol (Feche os olhos, aahh... vai enxugar o peixe).

Acesse aqui e divirta-se.

12.4.07

Se serve de consolo...

Paris também sofre com greve dos controladores de vôo


A notícia está no G1.

2.4.07

ONN

Essa é boa. A equipe do The Onion, jornal satírico americano especializado em reportagens mentirosas que parecem verdadeiras, acaba de lançar uma TV na internet, a ONN. Trata-se na verdade de uma seção do saite do jornal onde são divulgados vídeos de reportagens ao estilo CNN, com a mesma "linha editorial" da versão impressa. Esta abaixo (em inglês) é sobre a demissão de executivo de uma grande empresa americana de tecnologia, substituído por um imigrante ilegal mexicano que vive há dois anos nos Estados Unidos, não fala inglês nem tem qualquer treinamento (mas é capaz de trasbalhar muito tempo sem férias). O executivo vai trabalhar num restaurante fuleiro.

Destaque ainda para o anúncio do patrocinador (falso, é claro) e a manchete rápida (headline) apresentada ao final da notícia: Em razão do aquecimento global, esquimós perdem sete por cento de suas palavras para "neve".

A dica é do saite no mínimo.

Immigration: The Human Cost

28.3.07

Pai e filho


Um dos garotos completa um mês de idade hoje. O outro tinha três anos, em 1975.

Em comemoração à data, criei uma nova seção na coluna ao lado. Bebegera reúne todos os posts já publicados sobre o pequeno Xavier, usando o sistema de marcadores do Blogger.
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26.3.07

Ameaça ao You Tube

Bom artigo de Pedro Dória publicado hoje em no mínimo trata da reação de grandes produtores de conteúdo em vídeo, como a Fox, contra o sucesso do You Tube, do Google. As grandes redes de TV Americana querem copiar parte da fórmula do You Tube para a distribuição, mas mantendo o controle da produção do material. Vai funcionar? Talvez uma ameaça maior seja o Joost, concorrente do You Tube também citado no artigo.

25.3.07

Xavier e seu amigo Bruce

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20.3.07

A Notícia no Clic RBS

Mais um passo no processo de integração do jornal A Notícia ao grupo RBS. O saite do jornal foi definitivamente incorporado ao conteúdo do portal Clic RBS.

O grupo criou há poucos dias uma diretoria específica para cuidar dos portais dos jornais na internet, comandada por Marta Gleich, editora-chefe do Zero Hora. É uma aposta nesse canal.

E será que a Record vai entrar na briga também em Santa Catarina?

19.3.07

Picasa

Redescobri recentemente o Picasa, programa usado para gerenciar as fotos que você tem no computador. Ajuda a organizá-las, permite editá-las, imprimi-las, enviá-la facilmente por e-mail ou publicá-las no blogue (fiz isso com a foto do último post). Os recursos são muito legais, como o que possibilita a revisão da qualidade das imagens antes de imprimir. As ferramentas para editar as fotos, corrigir as imagens e produzir efeitos são bem melhores que as do Picture Manager, programa do pacote Office, da Microsoft, que eu usava antes. O Picasa, claro, é do Google.

É mais um programinha que me faz abandonar ferramentas do Bill Gates. Já havia largado o Internet Explorer pelo Firefox e o Outlook Express pelo Gmail. Uso o Gtalk paralelamente ao Messenger e o Google Docs mais do que o aplicativo Word. Não só porque são de graça, mas porque de alguma forma são melhores. Se a Web 2.0 realmente vingar, o Google está muito à frente.

18.3.07

Mãe e filho


Xavier e a mamãe Cléia Schmitz na manhã de domingo. E olha que a madrugada não foi tranqüila.
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11.3.07

Anos 80

O saudosismo dos anos 1980 está mesmo na moda. A GM criou um videoclipe no melhor estilo USA for Africa (reunião dos principais cantores pop americanos daquela época num estúdio para gravação da música We Are the World), para a campanha do Prisma, carro lançado pela montadora. "O videoclipe da sua vida" reúne os personagens da lembrança de um sujeito de classe média que cresceu na década de 1980. Entre os cantores, há desde personagens de desenhos animados, de séries e programas de TV , coelhinhas da Playboy, os amigos, a noiva e até o jogador Sócrates. Muito engraçado. Logo abaixo, para quem quiser relembrar, o clipe da música We Are the World.



10.3.07

Caminho das Américas

O amigo jornalista Sérgio Severino (esse maluco aí da foto ao lado), manezinho que mora em São Paulo e já viajou boa parte do mundo como editor de vídeos, inicia nesta segunda-feira mais uma aventura pelas Américas. Depois de ir à Patagônia e ao deserto de Atacama (o mais seco do mundo, no Chile), Serginho vai partir de Florianópolis, de carro, rumo ao Alasca, no extremo norte do continente. Ele pretende contar a aventura em tempo real no blogue Caminho das Américas.

9.3.07

Xavier, 9 dias


Para quem reclamou que só tinha visto o garoto de perfil.

Atualizando o post:

Xavier foi hoje a sua primeira consulta com a pediatra.
Tudo 100% com o rapazinho. Ele já está pesando 3,9 Kg e cresceu um pouco: 52,5 cm.

7.3.07

A volta do Xinelão

O jornalista Frank Maia, chargista do jornal A Notícia, acaba de reativar o Xinelão Studio. O blogue do Frank estava criando paranhos desde o início de setembro do ano passado. Recomendo conferir o trabalho do cara. O Xinelão também retorna à lista de linques do Bobagera, aí do lado.

6.3.07

Eu quero

O aparelho da foto ao lado é o GF-350, da Teac, uma vitrola que toca os antigos discos de vinil e permite gravá-los em CD. A dica é do blogue Coluna Extra, do jornalista Alexandre Gonçalves. É um brinquedinho que aceito de presente. Acabou de ser lançado no Brasil e custa só R$ 2,7 mil.

4.3.07

Agradecimento

Quero agradecer muito todas as mensagens de carinho que eu e a Cléia recebemos pelo nascimento de nosso primeiro filho, o pequeno Xavier. Fiquei também surpreso e feliz com os comentários que elogiaram o que escrevi no post abaixo, elogios que nem sei se merecidos, mas que foram uma alegria a mais entre as que tive nos últimos dias. Valeu muito, pessoal.

2.3.07

Xavier

Preferia que meu filho não fosse um jornalista como eu, mas como o risco de herdar a profissão de pai e mãe é sempre grande, pelo menos ele já tem no currículo o cumprimento à risca de um deadline. O nem tão pequeno assim Xavier nasceu na véspera de se completarem 40 semanas de gravidez, uma espécie de prazo regulamentar. A partir desse limite os bebês entram na prorrogação e provocam um súbito aumento dos casos de unhas roídas, tanto na família quanto entre o círculo de amigos dos pais.

Recebi uma ligação da Cléia no trabalho. Ela parecia calma. A barriga estava dura durante todo o dia e o Xavier, sempre muito agitado, havia parado de se mexer. Dra. Denise, a médica que acompanhou toda a gestação e faria o parto, tinha uma cirurgia marcada na clínica e pediu que fôssemos até lá, só para dar uma olhada, ver se está tudo bem. Descobrimos, ora vejam, que a Cléia estava em trabalho de parto. Ainda bem que tínhamos colocado no carro as tais malas da maternidade, já deixadas prontas para eventualidades como essa.

Quando recebi a ligação da Cléia, procurei ficar calmo também. Procurei mas não achei direito. Senti isso quando tentei tirar o carro da garagem da empresa. Manobrei algumas vezes para percorrer poucos metros de ré dentro da garagem, algo que normalmente faria de olhos fechados e com o pé e a mão direitos amarrados ao freio de mão. Enfrentei o trânsito do horário do rush com estoicismo. Repetia mentalmente a mim mesmo que deveria me concentrar em dirigir com segurança em não fazer besteira agora. Nem depois, claro.

Tirei a Cléia e as malas de casa como um profissional da defesal civil executando um procedimento de emergência treinado. Coloquei o cérebro no modo "agir de forma racional". Pelo menos da maneira como eu conseguia enxergar, cada movimento parecia calculado para que as coisas fossem feitas ao mesmo tempo de maneira rápida e sem afobação. Agi também desse modo ao enfrentar as filas da ponte. "Garanta o sucesso da missão, não dirija devagar demais nem corra riscos", ordenou o coronel Massa Cinzenta.

Chegamos à clínica quase às 20 horas e não demorou muito para que a dra. Denise nos atendesse. "Você está em traballho de parto", concluiu. A Cléia chorou um pouco, mas disse que não era tristeza. Dadas algumas circunstâncias da paciente, a médica decidiu que seria mais seguro fazer uma cesariana. Imediatamente. Pouco mais de uma hora depois, o pequeno Xavier estava nas mãos de uma equipe médica, sob aquelas luzes do centro cirúrgico que parecem discos voadores prontos a abduzir o bebê.

Ele chorou forte ao deixar a barriga da mãe – um sinal importante de nascimento saudável – mas depois ficou calminho. Colocado no pequeno berço hospitalar da sala de parto, enquanto a mãe era costurada, sentiu algum desconforto que provocou a primeira ameaça de choro do tipo como-será-que-se-faz-ele-parar. Mas durou alguns segundos. Cantei baixinho bem perto dele e o menino voltou a se acalmar. Nenhuma canção em especial, apenas uma melodia de ninar improvisada. Não posso deixar de admitir que me achei o cara.

A Cléia ficou um pouco desapontada porque, ao presenciar ao parto, vi como é nosso pequeno filhinho antes da mãe. Logo ela, que carregou o filhote na barriga durante nove meses, só conseguiu enxergar a criança de ângulos onde se vê pouco mais que a geografia do nariz. Mas ela pôde constatar o que eu já vinha dizendo há tempo: "ele vai ser bem parecido comigo". Tá bom, ainda não dá para dizer com quem se parece, se os abundantes cabelos escuros são meus ou dela, mas tá no caminho.

Depois disso é a recuperação, aprender a amamentar, dar banho, trocar fraldas (não vale dizer éca!) . O papel do pai, nesse momento, é pouco mais do que ficar ao lado da mãe e segurar o bebê de vez em quando, para que ela possa fazer coisas simples que nesse momento tornam-se algo um tanto complicado, como comer e ir ao banheiro. Os primeiros banhos ficam a cargo das enfermeiras. Na maior parte do tempo Xavier mama. Já deve estar maior do que os 3,8 Kg e 50,5 cm com que nasceu, às 21h15 de 28 de fevereiro de 2007.

1.3.07

Já chegou!

Xavier Schmitz da Costa nasceu forte, saudável e cabeludo às 21h15 de quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007. Mãe e filho passam bem e terão alta da maternidade no sábado. O nem tão pequeno assim Xavier pesa 3,8 Kg e mede 50,5 cm. Quer dizer, aproximadamente. Do jeito que é ávido por leite materno, provavelmente essas medidas estarão desatualizadas no momento em que você ler esta nota. Em breve o Bobagera trará mais informações e fotos – não do parto, prometo.

25.2.07

Tá vindo aí...

24.2.07

Novo alvo de Bush: Brasil

E se o presidente dos Estados Unidos desistisse por um momento do Irã e ordenasse que as tropas americanas invadissem o Rio de Janeiro, São Paulo, o Nordeste e a Amazônia?

23.2.07

GoEar

O amigo jornalista Alexandre Gonçalves, do Coluna Extra, chamou-me atenção para um vacilo no post abaixo (já corrigido). O Google anda comprando tudo, mas o GoEar (ainda) não é deles. O serviço foi criado por uma empresa espanhola e parece estar em fase de reformulação. O saite é cada vez mais popular – ainda que haja pouquíssimas referências a ele na imprensa, mesmo especializada – e já tem sido chamado internet afora de You Tube do MP3.

Mas na mesma proporção em que aumenta o sucesso do GoEar, vão aparecendo discussões sobre a legalidade do serviço em que qualquer um pode colocar uma música para qualquer um ouvir. Ao que parece eles chegaram a disponibilizar um programa para baixar as músicas, mas depois recuaram. Talvez o Google não esteja interessado em mexer com a indústria fonográfica e isso tenha mantido o GoEar fora da sacola de compras.

22.2.07

tudo.google.com

O Google acumulou um tal conjunto de serviços úteis para um blogueiro que é possível produzir conteúdo para internet bastante rico sem passar por ferramentas que não tenham sido criadas ou adquiridas pelo grupo. Elas incluem a própria construção de blogues (Blogger), armazenamento e publicação de textos (Google Docs), de fotos (Picasa), de vídeos (You Tube) e busca na rede (Google). Blogger e Google já funcionam integrados há muito tempo. Os outros serviços citados podem ser utilizados em conjunto com o Blogger via comandos html (como com qualquer outro site). Todos os serviços do grupo já utilizam o mesmo login (nome de usuário e senha).

Com a integração recente entre as ferramentas de mensagens instantâneas (Google Talk), relacionamento (Orkut) e correio eletrônico (Gmail), talvez o próximo passo seja a integração total entre esses dois grupos de serviços. O usuário poderia, sem sair da página do blogue, ter acesso ao perfil do autor no Orkut, verificar se ele está on line e enviar uma mensagem instantânea pelo Gtalk. Ou o Orkut poderia avisar aos amigos do autor, via Gmail ou Gtalk sobre um novo post.

Será que eles estão pensando em algo assim?

21.2.07

Agora sim, música

Descobri Kaki King no blogue Deu no Jornal, do jornalista Marcelo Soares. Vejam o que essa mulher faz com um violão, numa apresentação ao vivo no Late Show de David Letterman. O videoclipe desta música, Playing wiht Pink Noise, também está disponível no You Tube.

20.2.07

Música

Poucos privilegiados já puderam ouvir, seja ao vivo ou no CD de lançamento Demo!, o rock'n roll intocável d'Os The Ruins Brothers. A memorável banda está ausente dos palcos desde fevereiro de 2005, quando fez uma apresentação para convidados seletos num balneário de Governador Celso Ramos, município famoso por receber celebridadas como Gisele Bündchen e Guga Kuerten no verão.

O Bobagera traz duas pérolas para os fãs d'Os The Ruins. Uma delas é a rara foto ao lado, de Lauro Maeda, registrando a última apresentação, com o vocalista Carlito Ruin, o baixista Gian Ruin (à esquerda, tocando guitarra), o guitarrista convidado Arlen Ruin (à direita, tocando baixo) e o baterista Jefe Boy Ruin.

A outra é o áudio de uma música ainda inédita em apresentações ao vivo da banda e última faixa do CD Demo! Clique no player abaixo para ouvir a interpretação d'Os The Ruins para o clássico de The Clash, Shoul I stay or should I go.

19.2.07

Maioridade penal


O colega jornalista Paulo Henrique de Sousa, do ph ácido, via blogue Deu no Jornal, deu a dica desta tabela que compara a maioridade penal de mais de 150 países (não inclui o Brasil). A planilha também informa as idades mínimas para casar, deixar a escola e começar a trabalhar, de acordo com a legislação local. Os dados foram coletados por uma ONG internacional dedicada ao direito das crianças à educação.

Traz algumas comparações interessantes:

Só quatro desses países criminalizam apenas maiores de 18 anos, como o Brasil:
Colômbia, Equador, Venezuela e Guiné.

Em outros 11, a idade mínima é 16 anos:
Andorra, Bélgica, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Cuba, Guiné-Bissau, Micronésia, Moçambique, Portugal e Congo.

Oito criminalizam aos 15 anos:
Dinamarca, Eslováquia, Finlândia, Islândia, Noruega, República Checa e Laos.

Em 27, a idade mínima é 14 anos:
Alemanha, Armênia, Áustria, Azerbaijão, Bielo-rússia, Bulgária, Eslovênia, Rússia, Geórgia, Hungria, Itália, Líbia, Japão, Cazaquistão, Quirguistão, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Macedônia, Paraguai, Coréia do Sul, Romênia, Ruanda, Moldávia, Coréia do Norte, Ucrânia e Vietnan.

Há 16 países que adotam os 13 anos:
Benin, Burkina Faso, Burundi, Chade, Ilhas Comoros, Djibuti, Estônia, Gabão, Madagascar, Mali, Mônaco, Nicarágua, Níger, República Centro-africana, Tunísia e Uzbequistão.

Outros 16 estabelecem a idade mínima de 12 anos:
Antilhas Holandesas, Aruba, Canadá, Dominica, Eritréia, Espanha, Grécia, Guatemala, Honduras, Israel, Jamaica, Marrocos, Holanda, Peru, República Dominicana e San Marino.

A Turquia condena a partir dos 11 anos.

Há 14 países que adotam os 10 anos como idade penal mínima:
Arábia Saudita, Camarões, Chipre, Costa do Marfim, Ilhas Fiji, Guiana, Ilhas Marshall, Nova Zelândia, Palau, Ilha de Man e territórios independentes do Reino Unido, Serra Leoa, Suriname e Vanuatu.

Outros 43 países criminalizam cidadãos com idade entre 7 e 9 anos, entre eles o Reino Unido (8 anos), a Irlanda (7) e uma grande quantidade de países muçulmanos na Ásia e África.

Em seis países pesquisados, não há idade penal mínima:
Camboja, Luxemburgo, Mauritânia, México, Polônia e Togo.

Colocados assim, esses dados permitem concluir poucas coisas, mas uma delas é que parece não haver relação entre o desenvolvimento de um país e a idade penal mínima. De qualquer forma, no contexto internacional, condenar apenas maiores de 18 anos é uma exceção.

Por outro lado, dois países que aparecem nessa faixa têm índices de violência e uma formação social próxima à do Brasil: Venezuela e Colômbia. Curiosamente, enquanto a esquerda brasileira combate a redução da maioridade penal, Cuba adota o limite de 16 anos.

18.2.07

Tema chato: educação

O empresario Antônio Ermírio de Moraes escreveu artigo, publicado hoje na página de Opinião do jornal A Notícia, sobre o atraso brasileiro na Educação. Está longe de ser uma discussão nova. É muito mais importante do que discutir a redução da maioridade penal – que pode até fazer sentido, mas em si não resolve nada – e no entanto atrai infinitamente menos atenção. É o típico consenso nulo (todos concordam, mas nada acontece).

Uma das razões por que nada acontece atravessa o artigo. Como empresário, Antônio Ermírio alerta que um sistema de educação deficiente é um problema econômico, ao deixar o Brasil comendo poeira de concorrentes internacionais emergentes como a Coréia do Sul. Mas o pessoal que pensa o sistema educacional brasileiro torce o nariz para esse tipo de argumento.

Nos departamentos de educação das universidades públicas, de onde saem os formuladores das políticas do MEC, esses intelectuais não querem educação para o desenvolvimento econômico. Vêem tal idéia como uma estratégia do capitalismo globalizado, por meio de seus organismos internacionais (ONU, Banco Mundial), para permitir uma redução de custos com mão-de-obra.

Para que uma indústria se instale num país periférico, não basta que os trabalhadores custem menos. Um trabalhador americano é mais caro do que um brasileiro, mas tem uma produtividade muito maior. O Brasil precisaria aumentar a produtividade de seus trabalhadores para que empresas americanas e de outros países possam se mudar para cá com custos realmente menores. E produtividade se obtém com um sistema de educação mais eficiente.

Auto-proclamados anti-capitalistas não gostam nada desse raciocínio. E contrapõem, à educação para o desenvolvimento econômico, uma educação para o desenvolvimento humano. O nome é bonito, mas tenho sérias dúvidas sobre se eles sabem do que estão falando. Alguém tem visto por aí desenvolvimento humano sem desenvolvimento econômico?

17.2.07

Para entender o Brasil

Topei com um blogue que pode ser muito útil para quem deseja entender um pouco melhor o Brasil, por meio de alguns aspectos de sua história. É o Seqüências Parisienses, mantido pelo historiador Luiz Felipe de Alencastro. Autor de um livro indispensável sobre a história do Brasil colonial e o tráfico de escravos (O Trato dos Viventes - Formação do Brasil no Atlântico Sul), Alencastro é hoje professor titular de História do Brasil na Universidade de Paris Sorbonne. No último post, que contém ainda um linque para artigo do historiador publicado no Estadão, Alencastro fala da visita de Bush ao Brasil prevista para março e o fantasma do sub-imperialismo brasileño que pode voltar a assombrar as relações com os vizinhos sul-americanos. A dica é da coluna de Pedro Doria em nomínino.

16.2.07

Fotos

Atendendo a pedido da Kátia em comentário ao último post, aí está uma amostra do tamanho da barrigucha da mãe do Xavier, Cléia Schmitz. E acatando a sugestão da Ana, aviso que tem outra foto no blogue da Cris Fontinha, colega fotógrafa que também assina a imagem ao lado.

15.2.07

Mais notícias do Xavier

O até então pequeno Xavier acabou de fazer o último exame de ultra-som. Está tudo bem com mãe e filho, mas a maior surpresa foi o cálculo do tamanho do garoto. Pela medidas do exame, ele estaria com nada menos que 3,960 Kg, aos oito meses e meio de gestação. O cálculo não é preciso – tem uma margem de erro de 15% para mais (!) ou para menos – e o médico acredita que ele não está tão grande.

Mesmo assim, o médico avalia que o Xavier não deve estar com menos de 3,5 Kg – e crescendo. Não é à toa que todo mundo se espanta com o tamanho da barriga da mamãe Cléia, ainda que seja realmente "só barriga". Por enquanto não há indicações de que o menino esteja prestes a nascer, mas é impossível fazer previsões. Com 38 semanas completas de gestação, já está na zona do agrião. Cerca de 85% dos bebês nascem com "idade" entre 38 e 40 semanas.

4.2.07

Criança dá um trabalho...

Contratempos técnicos e os preparativos para a chegada do rapazinho aí do lado acabaram me mantendo afastado do blogue. O computador precisou ser temporariamente removido do quarto onde estava – doravante de propriedade do pequeno Xavier – e a tentativa de instalar a internet em outro ponto da casa não deu certo duas vezes. A primeira porque a alternativa de instalar uma rede sem fio no apartamento não se mostrou economicamente muito vantajosa, digamos. A segunda porque o suporte técnico do meu provedor de internet não me atendeu direito e estou quase desistindo deles.

O jeito foi trazer o computador de volta, agora que o quarto do Xavier (antes conhecido como escritório e sala de TV e som) está pronto, e tomar o espaço emprestado enquanto o garoto não sai da barriga da mãe. Por conta disso tudo, quase violei minha própria regra para os linques dos blogues amigos: quem fica mais de dois meses sem atualizar sai da lista. Resolvi escrever antes que o Bobagera resolvesse se auto-suicidar-se a si mesmo por conta própria.

Quanto ao herdeiro, já passou do oitavo mês de gestação. Tudo tranqüilo com ele e a mãe.