26.10.06

Milagres

A Ilha - tempestades

Parte 1

III

Se os aviões estivessem na pista do aeroporto, teriam alçado vôo como helicópteros sem piloto. A torre resiste a ser arrancada do chão. Dentro, no andar inferior, Kalvelage tenta fixar os olhos nos dados do notebook, enquanto o prédio inteiro treme. A região por onde passa o olho de um furacão é a mais afetada, onde os ventos atingem a velocidade máxima por duas vezes, em sentidos contrários, intercalados por um período de calmaria e céu azul. Quando o pesadelo parece ter acabado, começa de novo.

A tempestade é grande o suficiente para fazer estragos num raio de algumas dezenas de quilômetros. Da janela do escritório no Morro da Boa Vista, anexo ao Hospital de Caridade, Gilmar Linhares observa o furacão varrer o centro da cidade. Na borda da espiral, o centro recebe os ventos na direção leste-oeste, e o morro acaba protegendo o hospital, servindo de anteparo. Três quilômetos adiante, a grande ponte pênsil metálica de 80 anos é sacudida como um varal, mas milagrosamente resiste. Gilmar acredita em milagres. Lembrou que outra tempestade, ocorrida há 240 anos, está na origem da irmandade religiosa que dirige.

Kalvelage percorreu a ilha...

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